terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

TEMAS LITÚRGICOS

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QUARESMA: FAXINA ANUAL DO CORPO E DA ALMA

"Convertei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1, 15).
"Lembra-te que és pó, e ao pó hás de voltar" (cf.Gn 3, 19).
Com estes dois trechos da Sagrada Escritura, que acompanham o gesto litúrgico da imposição das cinzas na cabeça dos fiéis, iniciamos o tempo quaresmal.
Quaresma é o tempo que precede e dispõe à celebração da Páscoa.
Tempo de escuta da Palavra de Deus e de conversão, de preparação e de memória do Batismo, de reconciliação com Deus e com os irmãos, de recurso mais freqüente às "armas da penitência cristã": a oração, o jejum e a esmola (cf. Mt 6, 1-6.16-18).

Conversão não é algo acidental na pregação de Jesus.
O convite de Jesus à conversão, dirigido a todos os que desejam segui-lo, é parte essencial do anúncio do Reino: "Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho" (Mc 1, 15).
O seguimento de Jesus passa necessariamente pela experiência da conversão.
A experiência primeira e fundamental de conversão acontece no Batismo.
Nele, renunciamos ao mal e alcançamos a salvação, isto é, a remissão de todos os pecados e o dom da nova vida (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1427).
Adquirindo esta nova vida pelo Batismo, a única conseqüência do pecado que fica em nós, é a fragilidade e a fraqueza da natureza humana, que nos tornam inclinados ao pecado. A Igreja chama esta realidade de concupiscência.
Auxiliados pela graça de Cristo, podemos combater e vencê-la.
Por isso, o convite de Cristo à conversão, que nossos pais e padrinhos aceitaram em nosso nome, no dia do nosso batismo, e depois nós mesmos no dia de nossa Crisma, continua a soar em nossas vidas.

É a segunda conversão, tarefa que só será concluída com a nossa morte.
Podemos constatar então a dignidade que Deus nos quis dar.
Criando-nos, Deus nos fez livres e co-responsáveis para levar à plenitude o que ele criou. Não nascemos prontos!
Deus nos envolve no processo de formar em nós o homem e mulher plenos, conformes à imagem do seu Filho Jesus Cristo.
Não somos uma folha em branco, na qual Deus vai escrevendo nossa história.
Somos co-autores com ele.

Com a graça, com a adesão fiel ao convite à conversão, escrevemos com ele nossa história, desenvolvemos ao máximo os dons que nos deu e destruímos o pecado em nós.
Quem busca a conversão está realmente vivo, pois o crescimento, a mudança de atitude, a aquisição de novos hábitos, novas virtudes, é característica do ser humano, que está em constante construção.
Está em estado crônico, como que morto-vivo, quem pensa estar pronto, interpretando não ser para si mesmo o símbolo das cinzas que estão ligadas ao convite à conversão, feito por Jesus.
A conversão não é só esforço humano.
É movimento do coração arrependido, atraído e movido pela graça, que responde ao amor misericordioso de Deus que nos amou primeiro (cf. Jo 4, 10).
Imagem perfeita e clara deste coração arrependido é a Parábola do Pai rico em misericórdia (cf. Lc 15, 11-24).

A nossa resposta à misericórdia do Pai, se expressa por meio da penitência, nas suas diversas formas.
A escritura e os cristãos dos primeiros séculos, falam principalmente da oração – conversão com relação a Deus; do jejum – conversão com relação a si mesmo; e da esmola – conversão em relação ao próximo.
Uma das comparações que se pode fazer em relação à quaresma, ao convite à conversão, é dizer que ela é um tempo de faxina para o corpo e para a alma.
Pensando no ser humano, que é uma unidade de corpo e alma (cf. Bento XVI, Deus Caritas Est, 5) realmente ela é uma excelente faxina.
Vejamos o que pode ser jogado fora, o que pode ser queimado, o que não é importante para nós, ou até, o que nos está prejudicando e destruindo.
Os benefícios serão para a nossa saúde integral: de corpo e de alma. Que tenhamos todos uma santa e serena quaresma, a fim de que, na Páscoa que se aproxima, experimentemos a vida nova, que Jesus conquistou para nós, pela sua paixão, crucifixão e ressurreição!
DECOLORES!
Pe. Emílson José Bento

06/03/2006
DIOCESE DE CAMPO GRANDE PARANÁ

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