quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

MONSENHR GUIOVANNI BARRESE


Mons. Giovanni Barrese
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CHUTANDO O PAU DA BARRACA (e agüentando as consequências!).
A mídia divulgou, dias passados, a agressão grave a uma jovem advogada brasileira residente legalmente na Suíça. Teria sido seviciada por grupo de jovens desajustados. Teria abortado em consequência da tortura sofrida. E foi marcada por diversos talhos. Vieram protestos de todos os lados. Também das autoridades de governo e da diplomacia. O espantalho da xenofobia veio à primeira página e à primeira notícia do Rádio e da TV! No meio da indignação geral surgia a ação cautelosa da polícia de Zurique. Até parecia que queria minimizar o fato. Choveram palavras de indignação: como duvidar de uma jovem grávida e marcada por estiletes? Passados dias parece que a polícia tinha razão. As coisas não aconteceram como a jovem falou! Agora, a mídia e as autoridades brasileiras têm que reconhecer que se precipitaram nos pronunciamentos feitos! Não se deve desconhecer a realidade da xenofobia. Ela existe sim! Está sempre latente. E é vivida no interior de todos os países. Basta um problema mais aguda e ela se manifesta! Outro fato: o senador Jarbas Vasconcelos, já prefeito e governador, por duas vezes no Estado de Pernambuco, um dos fundadores do MDB (hoje PMDB), na revista “Veja” desta semana, acusou seu partido de corrupto. Não disse, por enquanto, o nome dos corruptos porque “o número de peemedebistas envolvidos em corrupção é muito volumoso” e “não é de hoje que o PMDB tem sido corrupto”. O senador acusa seu partido de estar sempre ao lado dos governos para ter cargos “para fazer negócios, ganhar comissões”. Afirma ainda que “boa parte do PMDB quer mesmo é corrupção”. Parecendo metralhadora giratória o senador pernambucano fala que a eleição do ex-presidente Sarney para a presidência do Senado foi um “retrocesso” porque “ele não tem um compromisso ético”. Volta-se, também, para Renan Calheiros e afirma que “ele não tem condição moral ou política para ser senador”. Nos dois episódios – da Suíça e do Senado – dá para perceber que a mídia entrou com tudo numa denuncia de fato não muito claro e, no caso do Senado, a poeira foi levantada numa generalização perigosa. Racionalizando as duas questões podemos ter algumas premissas. A primeira, como disse acima, de que o fato da xenofobia é real. Fiquemos só na Europa. E só no modo como os brasileiros são vistos. Passou o tempo romântico de que os brasileiros eram vistos somente como pessoas alegres, fáceis de fazer amizade e brilhantes no futebol. Hoje somos vistos como baderneiros, ladrões, traficantes e prostitutas (com todas as exceções que quisermos fazer). A crise econômica agravará a situação de qualquer pessoa (não só brasileiros) que deseje ir a Europa – ou ir de um país para outro - para trabalho. Os ingleses já andam carregando cartazes com o dizer “Trabalho inglês para trabalhador inglês”! A segunda: ao fazer denúncias é preciso ter nomes. A generalização leva ao descrédito. E se a generalização tiver fundo verdadeiro, haverá manobras para desqualificá-la. No Senado já escalaram um senador do baixo clero, diz a Folha de São Paulo, “para rebater as críticas como forma de desqualificar o debate”. A tática será ir “cozinhando o galo” até que tudo caia no esquecimento como aconteceu com a “pasta cor de rosa”... Que lições tirar disso tudo? Que há muita podridão. Que existem formas discriminatórias no tratamento das pessoas. Que há militantes na política que buscam só seus interesses. Mas não basta “chutar o pau da barraca”: é preciso fazer uma barraca nova. Quando se toma uma atitude de rebeldia diante do “status quo” é necessário ter uma contrapartida construtiva. A prudência em noticiar e falar. Para que notícia e acusação apontem a verdade e como construir a realidade a partir dela. Caso contrário empenha-se uma enorme energia que se dilui e não produz solução positiva. Tanto a precipitação em fazer de uma notícia o parâmetro da verdade absoluta como a denúncia de um mal que realmente existe merecem um cuidado: que a razão ilumine o que se diz. Se a precipitação tomar conta, se a emoção ditar pronunciamento, sempre se correrá o risco de análises parciais. E comprometimento de qualquer intenção reta de sanar problemas. Vale sempre o caminho de pensar no que se fala para que as conseqüências sejam, de fato, o nascedouro de comportamento marcado pela verdade.

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Quarta-feira, 11 de Fevereiro de 2009 - 01:18:04
PADRE ZECCHIN

Penso que haverá muitas pessoas que se manifestarão, de muitas maneiras,

sobre o Padre Zecchin. As razões são muitíssimas. Eu o faço como irmão de
presbitério e por meio destas linhas. Convivi com o Pe. Zecchin desde 1971.
Estudante em Roma precisei, por motivos de mudança na lei de imigração,
voltar temporariamente ao Brasil. Trouxe os livros e demais textos que
precisava ler para, na volta, apresentar-me aos exames da universidade.
Em casa não havia muito clima para estudos. Meus irmãos menores eram,
como todas as crianças, arteiros e barulhentos. Era preciso achar um lugar.
Encontrei-o no Colégio São Luiz então sede da nascitura FESB.
O diretor era o Pe. Zecchin. Nós nos conhecíamos superficialmente porque
nos tempos de seminário só se vinha para casa nas férias e eu, além disso,
estava mais ligado à paróquia de Santa Terezinha, ao Pe. Aldo que me
ocupava o tempo todo com a organização das férias da criançada do bairro
do Matadouro e adjacências. Pe. Zecchin colocou-me em contato mais
próximo com o TLC (Treinamento de Liderança Cristã), o movimento
jovem que estava no auge naqueles anos. E mais com o grupo dos adultos
nos Cursilhos de Cristandade. Ao lado dos estudos, da convivência nos
movimentos da Igreja, conheci os pais e irmãos do Pe. Zecchin.
Na casa da Praça Raul Leme pude ver o grande amor e cumplicidade do
“seu” César e de D. Rosária com o filho padre. E a imensa paciência dos
dois em ter a sua casa literalmente “invadida” nos mais variados horários
por jovens e adultos em busca do padre Zecchin.
Não exagero se disser que o Pe. Zecchin foi, em muitos aspectos, um
homem que caminhava adiante do seu tempo.
O seu agir como sacerdote escapava totalmente aos padrões da época.
E isso lhe causou muitas incompreensões. Também com o bispo e alguns
padres da época.
Ele, porém, coerente com seu modo de encarar seu ministério e
procurando não quebrar a unidade com seus irmãos padres, ia abrindo
caminhos. Os seus contemporâneos podem dizer que apesar de todos os
problemas, ele nunca falou publicamente dos cerceamentos que sofria.
Se havia qualquer queixa era na intimidade. Todavia nunca se referiu a
ninguém com sentimentos menos nobres.
Pe. João foi um homem com um leque de ação muito grande: professor,
militante na política partidária (então era permitido e incentivado),
atuante nos encontros e retiros, incentivador na criação da missa para
jovens, para crianças. Imensamente atencioso para com os idosos e os
simples.
E, principalmente, grande ouvinte e conselheiro daqueles que o
buscavam na calada da noite! Sou testemunha que a qualquer hora da
madrugada ele estava disponível. Eu nunca soube que ele tivesse dito
não para alguém.
Isso fazia, muitas vezes, que seus compromissos com horário ficassem
prejudicados. Eu gostava de conversar com ele.
Foi um homem de raciocínio mais rápido que conheci.
E de uma fina ironia, que fazia pensar. Ele era um bocado turrão nas
suas convicções. Até na “defesa” do cigarro!
Eu sempre achei que se a gente entrasse numa conversa séria sobre
o fumo ele me convenceria a fumar! Sinto-me feliz, de ter sido seu
amigo e convivido com ele. Aprendi muito.
Hoje escrevo num momento agridoce.
Momento amargo porque tenho que lamentar a sua morte e participar
do seu enterro.
Momento doce porque tenho que colocar diante de Deus uma grande
oração de agradecimento.
Convivemos com a perda das pessoas que nós amamos e isso nos faz

sofrer, nos faz chorar. Isso é o que vivemos com a perda da presença
física do nosso Pe. João. Vivemos a certeza da fé que a morte não tem
a última palavra.
Esta é palavra de Vida e Ressurreição pronunciada por Jesus Cristo.
Isto nos conforta e faz brotar no coração dolorido pela perda a serena
alegria de quem crê que a morte nos faz ver Aquele em quem
acreditamos. Hoje o Pe. João vê e vive a intimidade
Daquele que ele anunciou de muitas formas!
Devemos ser agradecidos a Deus pelo privilégio de termos convivido
com o Pe. João e de termos aprendido com ele como seguir os passos
de Jesus.
Guardo as conversas que me ensinaram a ser mais humano, mais
tolerante, mais paciente. Guardo conversas tentando descobrir o
melhor jeito de viver nosso ministério. E, nestes tempos em que os
documentos da Igreja têm chamado a atenção para não esquecermos
que, pelo batismo somos discípulos-missionários do Senhor, tenho
diante dos olhos o exemplo do Pe. João que a vida toda procurou seguir
Jesus e o anunciou a tanta gente!
Bendito seja Deus que nos deu o Pe. João. Bendito seja Deus que o acolhe
e recebe como “servo bom e fiel”! Bendita e amada seja a Senhora
Conceição do Jaguary que Pe. João amou com grande coração de filho.
E que se realize aquilo que o Pe. João sempre dizia ao final dos cursilhos:
ATÉ O DIA DO ENCONTRO DEFINITIVO E FELIZ NA CASA DO PAI!

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