domingo, 22 de fevereiro de 2009
CARTA MENSAL DO PADRE BERALDO***ASSESSOR ECLESIÁSTICO DO MOVIMENTO DE CURSILHOS NO BRASIL
Carta MCC Brasil – Março 2009 (115ª)
“Sabeis em que momento estamos: já é hora de despertardes do sono.
Agora, a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé.
A noite está quase passando, o dia já vem chegando:
abandonemos as obras das trevas e vistamos as armas da luz” (Rm 13, 11-12).
Amados irmãos e irmãs, saúdo a todos vocês, peregrinos que, vivendo os dias sagrados da quaresma, se preparam pela esperança da ressurreição, para o júbilo da Páscoa da Vida!
No último dia 25 de fevereiro, com toda a Igreja Católica, celebramos a quarta-feira de Cinzas que, abrindo o tempo da Quaresma de 2009, estende-se até a Páscoa da Ressurreição. São Paulo chama nossa atenção para a importância desse tempo sagrado (“Sabeis em que momento estamos”) e, ao mesmo tempo quer sacudir o nosso torpor e espantar a nossa preguiça lembrando-nos que “já é hora de despertardes do sono” (Rm 13, 11b). É um tempo especial para viver o tripé já tão nosso conhecido por todos nós: - “oração, jejum e esmola” - e que se sintetiza no termo “conversão”.
Entretanto – pergunto – de que maneira falar e refletir sobre “quaresma” nas atuais conjunturas, até culturais: ou de um consumismo compulsivo, ou de um hedonismo levado até aos limites do abuso do corpo próprio e alheio, ou de uma violência em escala mundial, mas que acaba se concretizando na mentalidade e na vivência de pessoas e de inteiros grupos humanos, ou da satisfação dos próprios desejos desordenados em relação à ética, à justiça, à moral, ao respeito mútuo, ou do “levar vantagem em tudo”, o que já se tornou uma maneira prática de aproveitar oportunidades em detrimento dos direitos do próximo?
Por outro lado, como explicar e pedir jejum e abstinência de carne a milhões de seres humanos, homens, mulheres e crianças abandonados até mesmo por aqueles que, dizendo-se católicos, mas sem a mínima consciência do significado da cerimônia, comparecem à igreja na quarta-feira de cinzas para recebê-las em suas cabeças, reduzindo gesto tão profundo e cheio de sentido penitencial a um mero ritual tradicional? Será que seus ouvidos estavam tão abertos que puderam ouvir uma das advertências do celebrante que, ao impor as cinzas, lembrou-nos a palavra de Jesus, logo no início de sua vida pública: “Convertei-vos e crede no Evangelho”? (Mc 1,14b). Como falar de penitência e jejum a pessoas tratadas, muitas vezes como animais, morrendo de fome à beira das calçadas e das sarjetas ou debaixo de viadutos e nos desvãos imundos, tanto das grandes como das pequenas cidades e nos campos? Como lembrar a “abstinência de carne” às quartas e sextas-feiras da quaresma, a pessoas que só vêem carne quando exposta nas vitrines das casas que a comercializam e, quando muito, só sentem o seu cheiro?
Deixando essas perguntas como um pano de fundo, apresento-lhes alguns pontos, a meu ver importantes, para reflexão e que, da reflexão, possam passar à prática da nossa vivência quaresmal através da conversão concretizada no tripé: oração, jejum e esmola.
1. Conversão. Essa é uma das palavras-chaves do tempo da Quaresma. Melhor dizendo, é a palavra-chave que sintetiza o tripé: oração, jejum e esmola. Ao aconselhar-nos a “abandonar as obras das trevas e vestir as obras da luz”, São Paulo nos mostra a necessidade de uma volta radical à luz divina que deveria brilhar em todas as nossas ações. Volta radical que significa, concretamente, conversão integral para os caminhos de Deus. Que luz divina é essa? Primeiramente, é a luz do amor, da fraternidade, de perdão, da justiça. É, enfim, a luz das bem-aventuranças. De fato, logo após o anúncio das bem-aventuranças, Jesus acrescenta: “Assim, brilhe a vossa luz diante das pessoas, para que vejam as vossas boas obras e louvem o vosso Pai que está nos céus” (Mt 5,16). Converter-se, pois, é revestir-se da luz de Cristo e irradiá-la em torno de si: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue não caminha nas trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8,12). São Paulo, como já citamos, aconselha-nos a “vestir as armas da luz”. Converter-se não significa mudar apenas algumas atitudes, alguns gestos, ou alguma forma de rezar. Converter-se para Cristo, para a fonte da luz significa mudar de mentalidade; passar de uma maneira puramente humana de ver e julgar pessoas, fatos e acontecimentos para uma maneira divina, isto é, ver e julgar com os olhos de Deus. Nossos Pastores no Documento de Aparecida, assim se expressam ao falar de conversão: “A conversão é a resposta inicial de quem escutou o Senhor com admiração, crê n’Ele pela ação do Espírito, decide-se ser seu amigo e ir após Ele, mudando sua forma de pensar e de viver, aceitando a cruz de Cristo, consciente de que morrer para o pecado é alcançar a vida. No Batismo e no sacramento da reconciliação se atualiza para nós a redenção de Cristo” (DA 278 b). Mas, de acordo com o mesmo DA, a conversão não é apresentada, apenas, como uma “resposta inicial”. Ela continua na vida daquele que já tem uma caminhada de discípulo de Jesus e que anseia pela maturidade do seguimento: “A pessoa amadurece constantemente no conhecimento, amor e seguimento de Jesus Mestre, aprofunda no mistério de sua pessoa, de seu exemplo e de sua doutrina. Para isso são de fundamental importância a catequese permanente e a vida sacramental, que fortalecem a conversão inicial e permitem que os discípulos missionários possam perseverar na vida cristã e na missão em meio ao mundo que nos desafia” (DA 278C). Conversão, sendo tarefa para uma vida inteira, encontra especial repercussão na vida do discípulo durante este tempo da Quaresma. Porque conversão é optar por um novo projeto de vida. Vamos, pois, aproveitar “o momento em que estamos” para uma séria “reelaboração” da nossa mentalidade a fim de nos convertermos em melhores discípulos e mais eficazes evangelizadores?
2. Oração, jejum e esmola nos tempos de hoje. Continuam sendo valores perenes do cristianismo e fundamentais para o discípulo de Jesus, ainda que assumindo distintos matizes com o decorrer dos tempos e mudanças de cultura. Nos dias que correm, jejum e abstinência, por exemplo, são uma necessidade para os que sonham com um corpo “sarado”, escultural, não importando o tamanho do sacrifício e da renúncia. Morrem de anorexia ou de excesso de privação alimentar os (as) modelos que ambicionam brilhar nas passarelas da exibição do esplendor físico, buscando satisfazer sua vaidade, acumular muito dinheiro, fama e celebridade. Essa é a mentalidade da moda, enquanto dar esmola é dar do que sobra, atirando uma moedinha aqui, outra ali nas mãos ou no copinho plástico dos pedintes miseráveis à beira das calçadas. Se, durante séculos tais valores foram adquirindo notas individualistas e destinados a “salvar a própria alma”, nós, os cristãos de hoje, temos que superar as barreiras individualistas, características de um pietismo ultrapassado e anacrônico. Os cristãos de hoje, recebendo a proposta quaresmal da oração, do jejum, da esmola e da abstinência deveríamos todos dar a esse tripé uma dimensão de solidariedade, de partilha e de comunhão fraterna, sobretudo com os excluídos e marginalizados. É, pois, nessa dimensão que nos esforçaremos para viver intensamente nossa vida cristã, sobretudo no tempo quaresmal do ano de 2009.
Para todos desejo uma santa quaresma profundamente solidária, unidos todos aos sofrimentos de Cristo e às dores de Maria, na expectativa de uma gloriosa Páscoa da Ressurreição.
Um carinhoso abraço fraterno do irmão e amigo
Pe. Jose Gilberto Beraldo
Assessor Eclesiástico Nacional
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Carta Mensal-Fevereiro 2009 - 01/02/2009
Carta MCC Brasil – Fevereiro/09 – (114ª.)
“Sabeis em que momento estamos: já é hora de despertardes do sono. Agora a salvação está mais perto de nós do que quando abraçamos a fé. A noite está quase passando, o dia vem chegando: abandonemos as obras das trevas e vistamos as armas da luz” (Rm 13,11-12).
Amados leitores e leitoras, sejam bem-vindos a esta nossa reflexão mensal!
Minha proposta para este mês, é a de refletirmos, logo no início deste novo ano, sobre alguns pontos significativos para a nossa vida de discípulos missionários de Jesus Cristo.
1. A rotina é obstáculo à plena vivencia cristã - Celebradas as festas e comemorações do Natal, de fim e início de ano e de férias (para alguns), estamos diante de duas opções: ou voltarmos à rotina do dia-a-dia ou nos lançarmos com novo entusiasmo e coragem renovada à tarefa e à missão que nos espera e para a qual o Senhor, desde o momento do nosso batismo, nos escolheu, nos chamou e a todos, sem exceção, nos enviou para o trabalho na sua messe.
Na primeira opção, contentamo-nos em deixar a vida acontecer sem nenhuma participação nossa. É a rotina. Melhor dizendo, é alimentar uma mentalidade rotineira segundo a qual nada deve nem pode mudar. Há que ser tudo igual como antes, pois “no meu tempo é que era bom”! Nada de novas experiências, nenhuma ousadia evangélica, como se fôssemos surdos à voz do Mestre: “Fogo eu vim lançar sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso!” (Lc 12,49). Àqueles que batizava com as águas do Jordão, João Batista anunciava: “Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3,11d). Além disso, o rotineiro tende a justificar a preguiça e o desalento que dele tomam conta, bem como a falta de iniciativa e de criatividade, insistindo em “tradição”, em “voltar às origens” (que, evidentemente, não significa voltar às mesmas antigas posturas e, sim, voltar à originalidade do mesmo carisma inspirado, um dia, pelo Espírito Santo, aplicando-o ao hoje da história), ou alimentando um saudosismo estéril de pessoas que viveram em outros tempos e culturas ou de métodos ultrapassados. Não à toa o Documento de Aparecida chama veementemente nossa atenção: “Nenhuma comunidade deve se isentar de entrar decididamente, com todas suas forças, nos processos constantes de renovação missionária e de abandonar as ultrapassadas estruturas que já não favoreçam a transmissão da fé” (n.365).
A rotina é inimiga mortal da vida de qualquer pessoa, mas, sobretudo, do cristão. O cristão rotineiro perdeu o encantamento por Jesus; perdeu o ardor de sua fé; acomodou-se à mera obrigação para não pecar. É como aquele que faz da missa dominical um tradicional e até penoso dever, mas não um gesto de amor. Cumpre por cumprir e não pela paixão por Jesus e pela doação ao Reino de Deus. Mostra, pois, que não descobriu a dinâmica da vida divina, da graça que o impulsiona para participar ativamente da construção de um mundo mais de acordo como projeto do Pai. Lamentavelmente, o rotineiro não descobriu o amor para dimensionar em toda sua grandeza a graça, vida divina nele e, muito menos, para vivê-la.
2. Um novo tempo exige novas posturas a) Na vida litúrgica, nas celebrações, voltamos ao “tempo comum”, o que poderia insinuar que voltamos a um tempo sem muita importância para a Igreja ou a uma “santa rotina litúrgica”, repetindo sempre os mesmos cantos nas celebrações ou, como papagaios, sempre as mesmas orações. Não é assim. Não havendo nenhuma celebração que marque profundamente a história de nossa salvação, como, por exemplo, de Jesus Cristo ou de Maria, somos convidados a valorizar cada domingo como uma pequena Páscoa - e são eles em número de 32 a 34 até o final do ano – , a celebrar cada festa dos nossos santos como um estímulo para nossa caminhada, e cada dia da semana como um novo momento eucarístico. Sempre no horizonte da novidade e renovação do Espírito Santo: “Enviai, Senhor, o vosso Espírito. E tudo será criado. E renovareis a face da terra”!
b) na missão evangelizadora a Igreja pede a todos nós, aos movimentos eclesiais e comunidades, que renovemos nosso entusiasmo e reacendamos o ardor missionário, chegando até a falar, num “novo Pentecostes”. Ouçamos nossos Pastores no Documento de Aparecida. Ao chamar nossa atenção sobre a necessidade para toda a Igreja “de uma forte comoção que a impeça de se instalar na comodidade, no estancamento e na indiferença”, como que lançam um grito de convocação missionária: “Esperamos um novo Pentecostes que nos livre do cansaço, da desilusão, da acomodação ao ambiente; esperamos uma vinda do Espírito que renove nossa alegria e nossa esperança. Por isso, é imperioso assegurar calorosos espaços de oração comunitária que alimentem o fogo de um ardor incontido e tornem possível um atrativo testemunho de unidade “para que o mundo creia” (Jo 17,21). (DA 362).
3. Novos desafios, novas realidades, uma cultura “epocal” Ou seja, não uma cultura de mudanças, mas uma verdadeira mudança de cultura (por isso “epocal”), isto é, que desafia a nossa coragem e a nossa ousadia missionária: “Todos os batizados são chamados a “recomeçar a partir de Cristo”... Só graças a esse encontro e seguimento (de Cristo), que se converte em familiaridade e comunhão, transbordante de gratidão e alegria, somos resgatados de nossa consciência isolada e saímos para comunicar a todos a vida verdadeira, a felicidade e a esperança que nos tem sido dada a experimentar e nos alegrar” (DA 549). Nosso grande evangelizador e incansável missionário, São Paulo, cujo ano jubilar estamos celebrando, repete em várias de suas cartas que está louco por Cristo e pela cruz de Cristo. Aos Coríntios é explícito: “Oxalá pudésseis suportar um pouco de loucura de minha parte. Sim, vós me suportais” (2Cor 11,1). Mais ainda: “...o mundo não foi capaz de reconhecer a Deus por meio da sabedoria, mas, pela loucura da pregação, Deus quis salvar os que crêem” (1Cor 1,21). E agora, nós, depois desta “louca” declaração de Paulo, o que mais estamos esperando para superar a rotina e abraçar a “pregação da cruz” que é “loucura para os que se perdem, mas para os que são salvos, para nós, ela é a força de Deus”? (1Cor 1,18). Pois, “Sabeis em que momento estamos: já é hora de despertardes do sono”!
Fazendo minhas todas estas palavras de ânimo, incentivo e entusiasmo, rogo a Maria, primeira discípula missionária e a São Paulo Apóstolo, que intercedam junto ao Senhor da messe para que as faça frutificar no coração e na vida de todos, sobretudo durante este ano de 2009.
Forte abraço fraterno do irmão e amigo,
Pe. Jose Gilberto Beraldo
Assessor Eclesiástico Nacional
E-mail: beraldomilenio@uol.com.br
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Carta Mensal - Janeiro 2009 - 01/01/2009
Carta Jan/09 – (113ª.) 01/01/2009
“Vi então um novo céu e uma nova terra. Pois o primeiro céu e a primeira terra passaram e o mar já não existe”....Ele enxugará toda lágrima de seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas anteriores passaram” (Ap 21, 1.4).
Meus amados irmãos e irmãs, leitores e leitoras, sempre lembrados na oração e na Eucaristia:
No momento do nascer de um novo ano, de tantas luzes, cores e sons, quando todo mundo vibra com votos sinceros - ou fingidos - de felicidades, de bem estar, de prosperidade ou de desmedidas ambições desta nossa cultura consumista de “muito dinheiro no bolso e saúde prá dar e vender”; no momento que a humanidade quer esquecer o ano que passou com suas agruras, suas desgraças, suas tragédias e seus sofrimentos, é natural que eu os saúde também, mas iluminando meus votos com a luz da mais densa e esperançosa alegria, a partir da palavra de Deus e desejando-lhes toda a graça e todas as bênçãos da Trindade Santíssima para início e para todo o decorrer deste jovem 2009!
A citação acima tirada do Apocalipse, já diz tudo o que desejo refletir com vocês nesta primeira carta do ano. Naturalmente não é minha intenção interpretar exaustivamente o texto e, sim, dele tirar a mensagem central, procurando aplicá-la nas circunstâncias e na realidade do nosso dia-a-dia. Essa mensagem chama-se “esperança”. Que ela possa servir como uma luz que, efetivamente, ajude a concretizar a “esperança” e que possa ajudar a criar um “clima de esperança”. Um clima para vivermos e respirarmos durante todo o ano que se inicia. Como de costume, proponho alguns pontos para nossa reflexão.
1. O que é a virtude da esperança – A esperança é um dom do Espírito Santo e tem seu fundamento nas promessas de Deus Pai e na ressurreição de seu Filho e nosso irmão, Jesus Cristo. Portanto, a esperança para nós, já nasce no momento do nosso batismo. É maravilhoso já entrarmos alimentados pela esperança num mundo marcado pelo desespero, pela descrença e pela desilusão, assim como o somos pela fé. São Paulo sintetiza a essência da esperança cristã quando diz aos Romanos: “Eu penso que os sofrimentos do tempo presente não têm proporção com a glória que há de ser revelada em nós. De fato, toda a criação espera ansiosamente a revelação dos filhos de Deus” (Rm 8,18-19). E, mais adiante, Paulo é ainda mais enfático quando diz “que toda criação, até o presente está gemendo como que em dores de parto, e não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gememos em nosso íntimo, esperando a condição filial, a redenção do nosso corpo” (Rm 8, 21-23). Portanto a nossa esperança, a esperança do discípulo missionário é uma esperança bíblica, isto é, brota do coração do Pai.
2. A esperança bíblica alimenta a vida do cristão - É por isso mesmo, a nossa esperança, alimento da nossa vida de batizados, é diferente da dos que não têm fé. É porque os critérios e valores que alimentam nossa esperança não são os critérios do mundo ao nosso redor. E quais são esses valores? A resposta está na Palavra de Deus: “Porque julgará os fracos com justiça, com retidão dará sentença em favor dos humilhados da terra” (Is 11,4) e porque haverá reconciliação entre o homem e a natureza (cf Is. 11,6). Porque, afirma Jesus quando proclama as Bem-aventuranças: “Felizes são os pobres no espírito, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,3); “Felizes os que choram, porque serão consolados”; “Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados”; “Felizes os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia”; enfim, “Felizes os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus” (Mt 5,3-11). Meus amados em Cristo: é hora de nos questionarmos se, efetivamente, é esta a esperança que nos alimenta, ou se adotamos na prática cotidiana de nossa vida outras fontes de esperança não só alheias, mas, até, contrárias aos ensinamentos de Jesus que acabam resultando em decepções, frustrações, revolta e num imenso vazio interior.
3. E quando haverá de realizar-se a nossa esperança? - As palavras do Apocalipse são um resposta definitiva às nossas indagações e aos nossos anseios. Porque Deus será um “Deus conosco e enxugará toda lágrima de nossos olhos; a morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas anteriores passaram”. É claro que se a palavra de Deus vem confirmar essas suas promessas, por outro lado depende de cada um de nós trabalharmos para que - a começar por nós mesmos e por nossas famílias, instituições, movimentos eclesiais e ambientes - desapareçam da face da terra a injustiça, o ódio, a exclusão, a inimizade, as reservas pessoais, etc.. Então, sim, haverá “...um novo céu e uma nova terra. Pois o primeiro céu e a primeira terra passaram e o mar já não existe”. “Primeiro céu”, “primeira terra” e “mar” que são os sofrimentos, as decepções e as provações da vida presente.
Não poderia encerrar nossa reflexão acerca da virtude da esperança sem fazer, pelo menos, uma referência a São Paulo Apóstolo, celebrado no dia 25 de janeiro e cujo Ano Jubilar (2000 anos do seu nascimento) estamos celebrando. Ao dizer “apenas uma referência” é porque meus caros leitores certamente terão facilidade em encontrar inúmeras publicações e reflexões sobre São Paulo, bem como participar de todas as iniciativas diocesanas e paroquiais que o estão celebrando. Entretanto, quis lembrá-lo aqui, de maneira especial, pois São Paulo é o Patrono do Movimento de Cursilhos de Cristandade desde 1966, assim declarado pelo Papa Paulo VI. Trata-se de uma excelente oportunidade para suplicarmos a São Paulo que ajude a fortalecer no MCC e a suscitar nos seus participantes – onde, porventura, ainda não exista - um autêntico espírito de discípulos missionários.
Ao desejar a todos os meus queridos leitores e leitoras um fecundo ano de 2009, todos engajados na Grande Missão Continental de evangelização, pródigo em obras pelo Reino, e sugerindo que se leia toda a perícope paulina do capítulo 12 aos Romanos, faço minhas algumas daquelas palavras do Apóstolo, autêntico projeto de vida nova porque carregadas de esperança: “O amor seja sincero. Detestai o mal, apegai-vos ao bem. Que o amor fraterno vos uma uns aos outros, com terna afeição, rivalizando-vos em atenções recíprocas. Sede zelosos e diligentes, fervorosos de espírito, servindo sempre ao Senhor, alegres na esperança, fortes na tribulação, perseverantes na oração” (Rm 12, 9-12).
Ao concluir esta primeira carta de um novo ano, não poderia deixar de agradecer muito fraternalmente a todos os que, lembrando-se de minhas Bodas de Ouro Sacerdotais celebradas no dia 20 de dezembro passado, suplicaram por mim ao Senhor da messe e não deixaram de enviar-me seus cumprimentos e seu abraço que retribuo fraternalmente no amor de Cristo e pelas mãos de Maria, Mãe de todos os sacerdotes.
Pe. José Gilberto Beraldo
Assessor Nacional MCC
E-mail: beraldomilenio@uol.com.br
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